16 de fev. de 2007

Romance Limeriano na Ribeira do Rio das Onças por MAJELA COLARES E TÁRSIO PINHEIRO

Releitura de AS PROEZAS DE ZÉ LIMEIRA de Orlando Tejo

Quando a última onça suçuarana
esturrou por aqui no sec’lo três
cada índio virou um japonês
e foi fundar um Japão na Ingarana:
e viviam de arroz, de fumo e cana
a comer macarrão e macaxeira;
a quentura era tanta que a fogueira
se acendia com o cheiro do mormaço.
Eu querendo cantar, eu também faço
de repente igualzinho a Zé Limeira.

Quando a Itália perdeu pra nós a copa
nós ganhamos metade de Veneza
foi assim que viramos a princesa
deste vale sem armas e sem tropa.
assim sendo, nos veio da Europa
João bracim, gondoleiro de primeira,
e o segredo do pão pelos Nogueira
e a buchada de Adélia, tripa e baço.
Eu querendo cantar, eu também faço
de repente igualzinho a Zé Limeira

Sejamos Oscar em defesa das nossas Águas Rainhas por ARLENE HOLANDA

Releitura de O PRÍNCIPE OSCAR E A RAINHA DAS ÁGUAS de José Bernardo


Assim narra esse cordel
numa era que passou
a feiticeira tinhosa
a fonte dágua trancou
privando o povo do reino
a quem Oscar libertou.

Nós temos muitas versões
dessa figura malvada
a água, bem precioso
é por muitos cobiçada
sendo um alvo constante
da ambição desenfreada.

Patricinha e José de Sousa Leão por PAULO SOARES

Releitura do cordel MARIQUINHA E JOSÉ DE SOUZA LEÃO, de João Ferreira de Lima.

Foi João Ferreira Lima
que me contou certo dia
através do seu cordel
o qual li em sintonia
com a tal modernidade
e na atualidade
como a narração seria?

José de Sousa Leão
morava no Cariri
era moto-taxista
sempre pra lá e pra cá
quando alguém solicitava
ele logo perguntava
─ Pra onde você que ir?

As Proezas dos Joãos Grilos Brasileiros por SEBASTIANA ALMEIDA

Releitura das aventuras do mais popular personagem do cordel, criado originalmente por João Ferreira de Lima e visitado por vários cordelistas.

Por ter admiração
Por autores de cordel
Pra todos, sem exceção
Vou tirar o meu chapéu
Do mais antigo ao moderno
O cordelista é eterno;
Enquanto existir memória
Narrarão em seus folhetos
Em décimas, sétimas, sextetos
As páginas de nossa história

A arte do cordelista
Fonte da gente beber
A tradição folclorista
Do povo, o real saber
Tudo o que há no universo
Ela já contou em verso
Cheio de inspiração
Mostrando de forma pura
A verdadeira cultura
Para qualquer geração.

A Demora de Lampião no Inferno por AUDIFAX RIOS

Releitura do cordel A CHEGADA DE LAMPIÃO NO INFERNO, de José Pacheco
Ó Musas, auxiliai-me
Nessa façanha sem par
Que é descrever o Inferno
Para nele habitar
O maior dos bandoleiros
Capitão dos cangaceiros
Que acaba de chegar

Me chamo Virgílio Dantas
Porteiro deste palácio
Guardião da safadeza
Notário do cartapácio
Onde inscrevo Virgulino
Na missão vou prosseguindo
Anotando este prefácio.

O Amor e seus Pavões um tanto Misteriosos por ARLENE HOLANDA

Releitura do mais clássico e visitado de todos os cordéis, ROMANCE DO PAVÃO MISTERIOSO de autoria de José Camelo.

Vou lhes contar a história
de um amor curioso
que por ser desconhecido
é algo quase assombroso
assim como narra os versos
do Pavão Misterioso.

Por amor já se matou
e se morreu de paixão
Romeu, Julieta, Isolda
e o legendário Tristão
todos preferiram a morte
a viver na solidão.

A Saga de João Mil, Tataraneto de Pedro Cem por AUDIFAX RIOS


Releitura de A Vida de Pedro Cem, romance de origem européia cordelizado por João Martins de Athaíde.

Existiu há muito tempo
Pras bandas do velho mundo
Um cidadão poderoso
Um principal sem segundo
Opulento cavalheiro
Outrora um vagabundo

Amealhou a fortuna
De maneira desonesta
Na vez da negociata
Fez tudo o que não presta
E de pobre ficou rico
De-má-vé, tudo era festa.

História das Donzelas Teodoras por JOSENIR LACERDA

Releitura de Hisrória da Donzela Teodora, de Leandro Gomes de Barros, outro cordel de origem européia.

Valei-me Nossa Senhora
Nesse especial mister
Inspirai-me nessa hora
Que vou falar de mulher
Aquela que às vezes chora
Mas se iguala a Teodora
Ao lutar pelo que quer.

Prometo que vou fazer
Uma fiel descrição
Da trajetória, da saga
Vou falar da tradição
Da mulher e a sua luta
Buscando nesta conduta
A justa libertação.

A Fugida de Magalona ou os que Deus não deu lugar no mundo por DANIEL BRANDÃO

Releitura de A Fuga da Princesa Magalona, romance de origem européia. No Nordeste foram achadas algumas variações poéticas do mesmo romance, em que os autores substituem Magalona por Beatriz, como a de João Martins de Athaíde, considerada por Câmara Cascudo a versão mais limpa e típica.

A história que se segue
Passa na terra Brasil
Por enquanto ainda verde,
Amarelo pálido, anil,
E o branco encardido
Por sangue da mãe gentil.

Pelos padrões da TV
Passarelas e revistas
a beleza xerocada
De idéias consumistas
De roupa e maquiagem
Copiadas das artistas.

Dimas, o bom ladrão? por SALETE MARIA E FANKA PEREIRA

Releitura do cordel homónimo de autoria de Francisco das Chagas Batista

De tanto ver injustiça
E também impunidade
O ser que não tem malícia
E faz o bem de verdade
Se sente então compelido
A se tornar um bandido
Ante a iniqüidade.

Tem gente trabalhadora
Honesta e competente
Que tem vida promissora
E vive muito decente
Porém, se vê enganada
Na vida trapaceada
Por jogada inconsequente.

Coco Verde e Melancia livremente urbanizado Por HÉLIO BRANDÃO


Releitura vanguardista do original de Zé Camelo, publicado no início do século vinte.

Se o que eu narro agora
é verdade ou não, talvez...
seja um clichê romanesco
arremedo em português
devo-me aqui declarar
a quem possa interessar
sou Joca de Juarez.

Tudo começa no nada
ou do nada o seu revéz?
o amor é intransigente
quer os dedos e os anéis
atira e acerta em cheio
não aceita nove-e-meio
seu mínimo exige dez.

Quantos dragões Juvenais inda terão que enfrentar? Por Arlene Holanda

Releitura de Juvenal e o Dragão, cordel de Leandro Gomes de Barros

Juvenal e o dragão
é um cordel caprichoso
do grande Leandro Gomes
onde um jovem corajoso
enfrenta grandes perigos
saindo vitorioso.

Em um nordeste sofrido
de terra e sol pra lavrar
pouca coisa a duro custo
é o que se pode arrancar
na luta para que a vida
semente, venha a vingar.